quinta-feira, 13 de setembro de 2007

"É mentira! Não toquei nem num cabelinho"

A semântica pode dar muitas voltas. Scolari pode fazer as fintas que quiser. Ele bem pode dizer, como disse, que tentou "tapear" o sérvio que estava a importunar "o menino, o Quaresma". Ele bem pode dizer, como disse, que "é mentira", que não tocou nele "nem num cabelinho". Ele bem pode dizer, como disse, que não fez "nada", que foi apenas "uma coisa normal, no decorrer de um jogo". Ele bem pode dizer, como disse, que a culpa foi "do árbitro, inteligente e organizado". Ele bem pode dizer, como disse, que não tem de falar com Madail, mas "se quiserem [jornalistas] posso pegar no telefone e falar daqui mesmo [conferência de imprensa]." Ele bem pode dizer, como disse, que não tem medo de ser punido pela UEFA, porque "não se passou nada" e que se a UEFA o quiser inquirir, que o faça, "porque não aconteceu nada".
A semântica pode dar muitas voltas e Scolari pode fazer as fintas que quiser. Pode dizer o que quiser. O que todos os portugueses viram é real, não é semântica ficccionada de Scolari. As imagens são claras. Tão claras que tiram a Madail qualquer espaço de manobra: fazer o que Scolari deveria ter feito poucos minutos depois do gancho certeiro.
Depois da mão pesada de Madaíl no Coreia-Japão de 2002, depois da reacção aos jogadores mal-criados de Portugal que destruíram um balneário em França e depois da punição exemplar a Zequinha (um ano de suspensão), que no Mundial de sub-20, já este ano, atirou ao chão um cartão que o árbitro lhe mostrara, o presidente federativo não pode encolher os ombros e assobiar para o ar. Não há alternativa. Se Scolari nega o que fez e não percebe a gravidade do seu gesto irreflectido, Madaíl só tem um caminho: demiti-lo.


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