sábado, 29 de setembro de 2007



A SIC Notícias voltou ontem a honrar a sua história e a mostrar porque é, quando quer, a televisão de referência em Portugal. Com a RTP1 mais interessada no musical Amália, com a SIC a apostar no CSI e a TVI entregue ao erotismo do filme "Círculo de Sedução", coube à SIC Notícias acompanhar a eleição directa no maior partido da oposição. E sem concorrência, até porque a RTP N se limitou a alguns apontamentos do PSD, mas acabou por dar bem mais importância ao Benfica-Sporting de hoje.
O previsível adiantado da hora em que se conheceriam as decisões (acabou por ser mais cedo do que se previa!) impediu a presença em estúdio do habitual e valioso leque de comentadores, que o momento exigia, mas ainda assim, o canal cumpriu. Ricardo Costa, com o desassombro habitual dos seus comentários, foi o mestre de cerimónias, a que se juntaram, já perto das 2h00, António José Teixeira em estúdio, e Mário Bettencourt Resendes, por telefone.

PS - Em dois momentos da noite, Ricardo Costa fez referências, irónicas e en passant,ao episódio da interrupção de Santana Lopes na entrevista de quarta-feira passada. Primeiro, por volta da uma da manhã, quando falando do estilo imprevísivel de Santana Lopes, disse "como ainda se viu esta semana". Mais tarde, já passava das duas, com António José Teixeira em estúdio, Ricardo Costa comentava a possibilidade de Menezes apostar em Santana Lopes para líder de bancada do PSD. "Não acredito nisso(...) Isso seria muito divertido. Para a SIC Notícias seria muito divertido. Nem seria preciso alterar os nossos critérios editoriais", disse, entre gargalhadas. Não havia necessidade.

Foto: DN

Nem parece que tinha ganho



É impressão minha ou o Luis Filipe Menezes não entrou com o pé direito como líder do PSD? Um discurso longo de mais, sem chama, cansado, sem ponta de emoção, muito pouco galvanizador. Tentou, e fez bem, um registo conciliador. Menezes sabe que vai precisar de alguma da credibilidade que estava do outro lado da contenda, para tentar essa "missão (quase) impossível" de ser Governo em 2009. Sendo, porém, diferente de Santana Lopes, Menezes tem no seu ADN alguns dos genes do santanismo. É afectivo, emotivo, próximo das pessoas. Foi assim que renasceu politicamente em Gaia. Foi assim que conquistou o PSD. Terá de ser assim, se os portugueses quiserem, que conquistará o País. Se tentar vestir um fato que não é seu, soará a falso. Seria o mesmo que ver Luís Filipe Vieira a citar Nietzsche ou Schopenhauer...

A bases e os barões assinalados




O estado a que o PSD chegou fica bem claro quando Macário Correia é considerado um barão do PSD. Para mim, que nunca votei PSD, barões são Ângelo Correia, Montalvão Machado, Eurico de Melo, Manuel Dias Loureiro e tantos outros. Pela minha cabeça, nunca passaria a ideia de incluir na lista dos barões o homem que ficou famoso por dizer que "beijar uma mulher que fuma é como lamber um cinzeiro". Mas, pronto, deve ser problema meu, que fumo e não é pouco. Percebi, portanto, pelos relatos jornalísticos dos últimos dias, e sobretudo, pela cobertura televisiva desta noite eleitoral, que, sim, que Macário já está no olimpo.
O rosto de Macário, fechado, cerrado, quase de menino birrento a quem tiraram o brinquedo, ao lado de Marques Mendes na hora do discurso de derrota, diz tudo sobre estas directas. Para lá de Mendes, os barões (os que estiveram com Mendes, mas também os que se mantiveram à margem, num cauteloso e estratégico silêncio, mas fazendo figas para que, oh desgraça!, o populista Menezes não ganhasse), são os grandes derrotados.
A coisa não é de todo surpreendente. Ao abrir o partido às directas, em vez de escolher o seu líder em congresso, abriu-se a caixa de pandora. Neste registo, as bases elegem e os barões (quaisquer que eles sejam) têm um poder bem menor do que julgam. O grande drama do PSD é que uns (barões) e outros (bases), apesar do hipócrita discurso habitual (tipo "não houve qualquer luta, mas sim uma saudável troca de ideias", ou "o partido não está morto, mas sim demonstrou grande vitalidade", ou ainda "precisamos de todos juntos para sermos maiores") não se tocam. A coabitação é impossível. Juntá-los seria como realojar o pessoal da Brandoa na Quinta da Marinha...

O laranja e o roxo

Era meia-noite quando se percebeu que Marques Mendes tinha perdido as directas no PSD. No hotel onde estava instalado o seu quartel-general, todos os presentes, incluindo os jornalistas, puderam acompanhar ao longo da noite, o andamento da votação através de um painel em power point onde as votações em Mendes (a laranja) e de Menezes (em roxo) iam aparecendo. Enquanto as coisas estiveram equlibradas, tudo bem. À meia-noite, porém, o painel apagou-se. Ou foi apagado. Os rostos fecharam-se. Percebeu-se, então, o filme...

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A escolha de Clara de Sousa *


Clara de Sousa está a colher os frutos de uma opção arriscada que tomou. Em Portugal, não há hábito entre os jornalistas de aderir ao entretenimento. Há casos de profissionais que deixam o exercício do jornalismo para apresentar programas (Bárbara Guimarães é disso exemplo), mas não há muitos que se mantenham nos dois patamares. Há uma certa ideia de “cada macaco no seu galho” e que a entrada numa área de lazer pode beliscar a credibilidade conquistada na outra. São, todas elas, opções defensáveis. Mas Clara deu o passo (Júlio Magalhães, na TVI, é outro exemplo) agora em Família Superstar. E está a ganhar com isso. Foi capa de revistas, deu entrevistas, foi fotografada, tornou-se mais próxima do espectador. O resultado está à vista: o Primeiro Jornal da SIC cresceu em audiências e bateu nesta semana o Jornal da Tarde, da RTP. O público, normalmente, gosta de quem não se fecha numa redoma.

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* Texto publicado na revista de televisão do DN - 28.09.2007

É o umbigo, estúpido!




A saída de Santana Lopes a meio da entrevista na SIC Notícias não teve só o condão de reunir elogios da esquerda à direita do espectro político da blogosfera. A atitude de Santana teve outro mérito. Sim, eu sei que isto é um bocadinho umbiguista, mas para quem se estreou nestas lides há apenas três semanas, e está habituado a 40/50 visitas diárias (70 no melhor dos dias...), ter 397 visitas e mais de mil páginas vistas em apenas 24 horas é o paraíso.
Um obrigado aos blogueiros responsáveis pela proeza, mas o grande agradecimento vai para Santana Lopes. Sem ele... nada disto era possível!

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O pleno de Santana



Que outro político português, depois de uma desastrada, e felizmente curta, aventura como primeiro-ministro conseguiria esse espantoso pleno de elogios na blogosfera, da esquerda à direita? Só mesmo Santana Lopes, que recusou esta noite continuar uma entrevista à SIC Notícia depois de ter sido interrompido por um directo da chegada de Mourinho a Portugal.
"Convidam-me para vir aqui falar de coisas importantes, eu venho, com prejuizo para a minha vida pessoal e interrompem por causa do Mourinho. Eu sei que ele é importante, mas francamente, isto está tudo doido", disse Santana, perante uma surpreendida Ana Lourenço. E a entrevista ficou por ali.
As reacções não se fizeram esperar. De todos os quadrantes políticos.
Vital Moreira aqui, João Villalobos aqui, Daniel Oliveira aqui, Medeiros Ferreira aqui, Pacheco Pereira aqui, João Pinto e Castro aqui, ou João Pedro Henriques aqui.

Sejamos claros: o que a SIC Notícias fez não tem desculpa. Não há critério editorial que justifique a interrupção. Bem educado e elegante, Santana esperou o directo do não-acontecimento para explicar que ficava por ali. Ana Lourenço, seguramente a menos culpada (naturalmente, apenas cumpriu o que lhe disseram ao ouvido) não conseguiu reagir. Percebe-se porquê.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Perguntinha inocente II



Com a novela assim, como dizer?, tão intensa, é caso para perguntar: que PSD vamos ter a partir de sábado?

A publicidade e o ensino do português



Gosto de publicidade. Não sou dos que mudam de canal quando chegam os intervalos. Seguramente por formação profissional, gosto de ver de que forma as marcas se apresentam ao público/consumidor, que estratégias usam, que canais utilizam. Sei que um bom anúncio tem de surpreender, tem de ficar na cabeça do espectador/ouvinte. Só assim a notoriedade da marca aumenta e a mensagem chega ao receptor. Mas mesmo percebendo isso, e compreendendo que se recorra ao humor e ao exagero, não suporto a publicidade com erros ortográficos ou, pior, que induz o espectador/ouvinte a um mau uso da língua portuguesa.
No Verão passado, o anúncio da bebida Decider, feita à base de cidra, terminava com a assinatura "Fica ciderado". Assim, com C. O aproveitamente era óbvio: cidra escreve-se com C, então toca a aproveitar a onda. Percebe-se a intenção: a mensagem que a agência criativa pretende é que o consumidor fique "ciderado", ou seja, fiel à cidra. Só que num anúncio destinado a um público-alvo jovem e urbano, num país onde se fala e escreve tão mal português, choca-me. Muitos terão ficado a pensar que siderar se escreve com C e não com S.
Agora, este ano, é a vez da Vobis apostar numa publicidade que, em rádio, é um convite à dúvida e ao erro. O spot de rádio da campanha de regresso às aulas começa com a voz da suposta professora na sala de aulas: "Meninos, vamos conjugar o VERBO tecnologia", ordena. E os meninos lá começam em uníssono: "eu jogo, tu imprimes, ele escreve, nós programamos, vós teclais, eles não fazem nada. Porque não foram à Vobis"*.
A ideia é simples e produz efeito. O problema é que a palavra "tecnologia" não é um verbo, é um substantivo. Nem mesmo na TLEBS, agora adiada para as calendas gregas... Quantos dos jovens estudantes a quem se dirige a publicidade, e que pouco sabem de português, passarão convictos a achar que "tecnologia" é mesmo um verbo conjugável?

Enfim, dir-se-á que os publicitários não são professores de português, não têm qualquer obrigação de ensinar.Mas sendo a língua portuguesa um património comum e uma ferramenta essencial para o seu trabalho, um pouco mais de imaginação não seria pedir muito...

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* As acções de cada tempo verbal retiradas do anúncio não serão exactamente aquelas, nem por aquela ordem, mas para o caso vai dar ao mesmo.

Olha outro!

Repito que nada tenho contra o rugby e a selecção portuguesa, mas já a 12 de Setembro tinha aqui criticado a histeria colectiva que se apoderou do País a propósito da participação portuguesa no Mundial da modalidade.
Hoje, com a ironia que faz dele um dos melhores cronistas da Imprensa portuguesa, João Miguel Tavares escreve no DN um texto imperdível (ler aqui).

Os pêssegos do Sr. Júlio




Falo de barriga cheia. No bairro lisboeta onde moro não falta comércio. Sou mesmo um privilegiado. Ao lado do meu prédio tenho um Pingo Doce aberto todos os dias até às 21h00. Não é dos maiores, mas, como se calcula, serve todas as minhas necessidades.

Mesmo no meu prédio tenho uma mercearia. Confesso que nunca olhei para o nome inscrito no toldo, porque todos por aqui a tratamos pelo nome próprio: "Sr. Júlio". É fácil perceber que o grosso das compras faço-as no prédio ao lado, no sítio do costume. Mas a fruta, ah a fruta!, não há como a do senhor Júlio. É mais cara? É, mas é muito melhor. O Sr. Júlio, que não me conhece desde pequenino, e com quem convivo apenas vai para dois anos, sabe bem do que gosto. "Vizinho, já cá tenho aqueles pêssegos de roer que tanto gosta", "olhe que chegou o requeijão de Seia", "Amanhã há leitão de Negrais, mesmo de Negrais". O Sr. Júlio sabe do que gosto e eu, confesso, gosto desta familiaridade. Gosto da broa de milho verdadeira, cortada à fatia, gosto das garrafas de litro e meio de água gelada saídas do frigorífico, gosto dos molhos de grelhos de couve e gosto de saber que mesmo que a porta já esteja fechada, o Sr. Júlio ma abre para satisfazer qualquer necessidade de última hora. Gosto do Sr. Júlio, pronto. Porque ele é profissional e atencioso, porque ele não se lamenta da existência de mais uma merceraria a 15 metros e de um Pingo Doce a 10. Gosto dele porque, apesar de saber que vende mais caro, preocupa-se em ter legumes e fruta fresca.

O Sr. Júlio é aquilo a que se convencionou chamar o "comércio tradicional". Mas nem por isso se lamenta. Tem quatro postos de trabalho, incluindo o seu. E tem a vizinhança toda a comprar-lhe lá fruta. A mesma que também vai ao Pingo Doce. Ou seja, o Sr. Júlio continua de portas abertas porque apesar das "grandes superfícies" procura distinguir-se (nos) pela qualidade. Para mim, o Sr. Júlio é um exemplo para todos os outros pequenos comerciantes do "comércio tradicional". Mesmo David's, não deviam ter medo dos Golias. Mas têm. E preferem a lamúria à dedicação.


É essa uma das razões que me faz achar um absurdo que, desde 1996, as "grandes superfícies" estejam fechadas ao domingo. Num mercado livre e concorrencial é o consumidor que deve decidir. Vem este post à baila a propósito da entrada hoje na Assembleia da República de uma petição assinada por 250 mil portugueses que pede a aberturas das "grandes superfícies" ao domingo. A mim ninguém ma deu para assinar, mas se a vir, boto lá a minha assinatura. Porque me vai dar imenso jeito, mesmo tendo um Pingo Doce à porta. E, sobretudo, porque me dá a capacidade de escolha. Eu quero escolher não me apetecer ir ao Continente ou ao Feira Nova a um domingo. Não quero continuar a querer ir e não me deixarem. Mas, recordo, eu sou um privilegiado. O meu Pingo Doce nunca fecha. E não há pêssegos como os do Sr. Júlio...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Perguntinha inocente



É impressão minha ou não tenho visto o anúncio da Caixa Geral de Depósitos com Luiz Felipe Scolari?

As sondagens do dr. Madaíl


E, pronto, acabou a encenação de Gilberto Madaíl. Ele começou por se remeter ao silêncio depois do soco de Scolari, que não tocou em "nem um cabelinho" e que foi dado só para "defender o nosso minino, o Quaresma".
A custo, quase 48 horas depois de um vergonhoso silêncio, lá veio dizer que tinha sido feio mas que estava colocada de parte qualquer "decisão radical".
Depois, por absurdo, ainda veio na semana passada, com ar grave e sério, dizer que não era "dono da Federação", recomendando "paciência e compreensão" aos jornalistas. "Eu não sou dono da Federação. Não posso tomar uma decisão, tenho de ouvir os meus colegas de direcção", disse, remetendo para terça-feira, hoje, dia de reunião de urgência para analisar o caso "Socolari".
Hoje, por fim, sorridente, anunciou que "por unanimidade" a FPF decidiu apoiar o recurso do seleccionador nacional. Podia ter poupado o país a mais um seu triste espectáculo. Mas não, preferiu a novela. No capítulo final, ainda teve algumas tiradas fantásticas: "A direcção da FPF não é ingrata, eu não sou ingrato e o povo não é ingrato."
Madaíl não percebeu nada do que aconteceu: ninguém está a avaliar o muito que Scolari deu à selecção nacional. Os portugueses não são, de facto, ingratos e os resultados de Felipão falam por si. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Scolari podia ter até ganho o Euro'2004 e o Mundial de 2006. Mas a um seleccionador com o seu currículo e experiência não se pode admitir uma agressão a um jogador adversário. Ponto.

Preocupado com os "inflamados comentadores", a quem não pára de responder, Madaíl responde com a cereja no topo do bolo: "Todas as sondagens, todos os estudos de opinião e todos os inquéritos demonstraram um apoio esmagador de Portugal a Luiz Felipe Scolari". Todas as sondagens? Mais todos os estudos de opinião? E ainda mais todos os inquéritos? Todos juntos? Talvez seja mesmo altura de incluir em todos eles a pergunta que faltava: "não terá Madaíl já esgotado o prazo de validade"?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

E tostas mistas, não se arranja?


Sócrates sabe-a toda. Hoje, em mais um debate mensal na Assembleia da República, voltou a levar uma novidade. Não se limitou a anunciar pela enésima vez as Lojas do Cidadão de segunda geração. Não, desta vez foi mais longe. Anunciou a criação do balcão "Perdi a carteira", a arrancar já em Outubro nas Laranjeiras e generalizando-se em 2008 aos restantes pontos do país. E o que de útil se faz num balcão com nome tão sui generis? Trata-se de tudo: Bilhete de Identidade, cartão da segurança social, de pensionista, de contribuinte, da ADSE, número do Serviço Nacional de Saúde e carta de condução. Assaltam-me duas questões pertinentes.


1 - Conhecendo por experiência própria o tempo de espera habitual nas lojas do cidadão de Lisboa, e com tamanha profusão de assuntos que agora se concentrarão no mesmo balcão, não seria de juntar também às valências anunciadas a venda de bifanas e chá de menta? Só para ir enganando a fome...

2 - Conhecendo-se a variedade do recheio das carteiras das senhoras, onde vão as desgraçadas que perderem as suas tratar de comprar os pensos rápidos, os batons para o cieiro, o rimel, as fotografias dos maridos, filhos e animais de estimação e o trifene 200?


PS - Na senda da revolução tecnológica, os marqueteiros do Governo já estão a preparar os próximos lançamentos para a Loja do Cidadão: "Socorro, o cão da vizinha ladra a noite inteira", "Ajudem-me a ir ao programa do senhor Goucha" e ainda "O meu marido não me aparece em casa vai para dois dias"...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

A verdade de Madaíl


A declaração de Madail, esta tarde na sede da Federação, tem alguns aspectos delirantes. Foi um discurso autojustificativo ("não sou dono da Federação", "se estão à espera de decisões, digo-vos já que não vão ter" ou mesmo "há decisões que eu não posso tomar porque tenho outros colegas na direcção da Federação"), com bicadas aos "comentadores" (como se de um presidente federativo se esperasse comentários aos comentadores em vez de tomar decisões). Mas o momento alto da tarde foi quando se recusou a comparar (comparando...) a atitude de Scolari e a do jogador Zequinha, que foi punido pela FIFA e pela Federação por ter atirado ao chão o cartão vermelho com que foi brindado no decorrer de um jogo no último Mundial de sub-20.

"Qualquer pessoa de boa fé não pode comparar a atitude de Scolari com a de um jovem em formação que tirou um cartão da mão do árbitro", disse Madaíl num tom que não deixou margem para dúvidas. Surpreendentemente, não podia estar mais de acordo com Madaíl. De facto, ambas as atitudes não têm comparação: a de Scolari é muito mais grave.

O seminarista e o professor de Moral




Já não se fazem debates como antigamente, musculados, em voz alta, dedo em riste. Durante o longo bocejo de terça-feira à noite, Ana Lourenço, na SIC Notícias, bem tentou, mas ninguém conseguiu arrancar-lhes um gesto de emoção, um esgar de indignação. Sempre aquelas poses seráficas, sempre aquelas vozes beatas, quase sussurradas, aqueles óculos na ponta do nariz, aqueles ares bem comportados...
Sim, eu sei, já passaram mais de 24 horas sobre o "debate" na SIC Notícias. Mas ainda estou aterrado com a possibilidade, felizmente que remota, de algum destes senhores vir a ser primeiro-ministro do meu país em 2009. Como diria Jorge Coelho... safa!

Será tão surpreendente assim?



Os sites ingleses estão loucos com a "sensacional" e "surpreendente" saída de José Mourinho do comando técnico do Chelsea. A notícia foi lançada há pouco em Inglaterra e ainda não foi confirmada nem pelo técnico, nem pelo clube londrino, mas não me parece assim tão surpreendente. Há muito que a relação entre "José" e Abramovich não era a lua de mel de 2004/2005, quando Mourinho chegou a Stamford Bridge. Depois de um início de época pouco animador, que culminou com o decepcionante empate de terça-feira em casa com o Rosenborg para a Liga dos Campeões, o treinador português terá enviado mensagens para John Terry, Frank Lampard e Didier Drogba a comunicar a decisão, afirmando ainda "boa sorte para a vossa carreira".

E agora, qual o futuro de Mourinho? Itália, como já se especula na imprensa internacional? Ou o comando da selecção portuguesa, como já se deseja nos fóruns de discussão e blogosfera portugueses? Por mim, preferia a segunda hipótese, mas temo bem que só tenhamos Mourinho de novo por cá quando (ele) tiver bem mais cabelos brancos...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Foi bonito, pá!



Para quem não me conhece, fica o pré-aviso (ou a declaração de intenções, como por estes dias é hábito dizer): sou do Benfica. O que não me cega. Por isso, não posso deixar de confessar que gostei da atitude de Ronaldo, ainda há pouco, quando marcou, em Alvalade, o golo com que o Manchester derrotou o Sporting para a Liga dos Campeões. Após ter concretizado, o jogador português não festejou com os colegas, limitou-se a fazer uma vénia, como que pedindo desculpas. Por isso, recebeu em troca um uníssono aplauso dos 45 mil que estavam no Estádio.
A gratidão é uma coisa muito bonita.

Foto: Record Online

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Um ano de Sol


Fez ontem um ano que o semanário Sol chegou às bancas. O DN assinala hoje devidamente a efeméride. Online está apenas o texto principal, sem a evolução de vendas, nem o confronto verbal Sol-Expresso, que antecedeu o lançamento do novo jornal. (aqui)
Saraiva bem pode fazer um balanço muito positivo do primeiro ano do semanário, mas tenho para mim que este Sol está longe de ser o que prometeu. É verdade que continuo a comprá-lo desde 16 de Setembro de 2006, mas também é verdade que não deixei de comprar o Expresso. Um jornalista, porém, não é um leitor normal de jornais. Muitos de nós, sobretudo em dias de folga, compramos quase tudo o que nos aparece à frente. Para analisar, para comparar, para criticar, para perceber as diferenças. O leitor comum (que como se sabe é bem mais do que as classes política e jornalística...) não faz isso.
Há um ano, o Sol prometeu-nos um jornal diferente de tudo o que tinha sido feito até aqui, diferente, ousado, interessante. Em alguns aspectos cumpriu, é verdade, mas continuo a achar o Expresso muito mais jornal, mais completo, mais diversificado, mais bem escrito e que vai mais a fundo nas questões.
Saraiva bem se pode queixar da concorrência desleal e bem pode invocar a aposta do concorrente nos DVD para não baixar as vendas, mas como provam os dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragens relativos ao primeiro trimestre do ano (divulgados a 28 de Junho deste ano), o Expresso continua bem à frente (121 mil contra 51 mil do Sol).
E isto acontece porque, apesar da irregular qualidade do Expresso, o seu leitor mais esclarecido não o troca pelo Sol. No que toca à cultura, por exemplo, ninguém que lê o Expresso e não prescinde da Actual, muda para o Sol.
Graficamente, o jornal está mais fraco que no início. Há páginas que parecem ser desenhadas em dez minutos, para despachar. E nesse aspecto a remodelação gráfica do Expresso (também com um ano) deu à luz um jornal muito mais elegante, mais amplo, com mais pontos de leitura. Vantagem clara, também aqui, para o semanário da Impresa.
O Sol tem coisas boas. À cabeça, as entrevistas de José Eduardo Fialho Gouveia. Imprevistas, surpreendentes, quase sempre de chorar por mais. Um excelente arranque, logo na página 2. Depois, a boa informação política. A Tabu é muito irregular, mas tem normalmente assuntos bem interessantes.
No pólo oposto, irritam-me sobremaneira as pequenas notícias do Sol. Não me refiro às da capa e da última, mas às que abundam nas páginas interiores, como se de um diário se tratasse. Percebo a intenção: Saraiva sonhou com um jornal auto-suficiente, que se bastasse a si próprio. Um jornal que satisfizesse o leitor por completo. Ou seja, o director acreditou que os leitores diários dos outros jornais chegassem ao sábado e abandonassem a sua leitura de todos os dias para comprar apenas o Sol. Isso pode ter acontecido com alguns, mas não com a larga maioria (basta ver a evolução das vendas dos diários aos sábados, passado um ano). Por isso, parece-me, a mescla de informação respirada de um semanário com o estilo seco e curto de um diário não me parece bem conseguida. Quem compra um semanário, quer análise, quer reportagem, quer mais do que a simples notícia.
Depois, há páginas que, pura e simplesmente, passo adiante. Não me interessam. A jardinagem, a etiqueta e outras secções, ainda que possam ser um must para José António Saraiva, não me agradam.
E é por isto tudo, e não seguramente pelos DVD, que o Expresso continua a liderar ao fim de um ano. E é também por isso que Saraiva foi obrigado a retirar do cabeçalho a história do jornal que não oferece brindes nem faz promoções. Aquele jornal, feito assim, não pode valer só "por si"... (recorde aqui)

domingo, 16 de setembro de 2007

Alguém ficou surpreendido?

E ao segundo dia, depois de 48 horas de ensurdecedor silêncio, o senhor da esquerda falou sobre o soco do senhor da direita. Para dizer que está "afastada qualquer medida radical". Por que será que ninguém esperava nada de diferente?
Volta Sá Pinto, estás perdoado!



quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Derrota virtual... e em casa





Passaram quatro horas e meia depois do fim do Portugal-Sérvia, um jogo transmitido em exclusivo para Portugal pela RTP, "a televisão das selecções". São 03:30 e o jogo terminou pouco antes das 23.00. Abre-se o site da RTP e na home page, a única referência que se faz ao jogo é um texto da Lusa a dizer que "Portugal volta a ceder empate". Clica-se no texto, da agência noticiosa ou 90% baseado no take original, e lá aparece uma referência à agressão de Luiz Felipe Scolari.
No site da SIC, a coisa é um pouco diferente. Na home page apenas referência ao empate. Lá dentro, o mesmo texto da Lusa (bendita agência...) mas... algo mais. O vídeo que prova a agressão de Scolari. Ou seja, na SIC Online não se dorme e lá está o vídeo com imagens passadas no Jornal da Meia Noite, de Pedro Mourinho, da SIC Notícias. As imagens são da RTP, a única estação que teve o exclusivo do jogo, mas, até esta hora, pelo menos, só estão acessíveis no site da SIC. Uma irónica derrota da RTP na sua própria casa, tanto mais grave numa estação que se reivindica na vanguarda da tecnologia e das novas plataformas.
Já agora, no site da TVI, enfim... a home page faz manchete com o caso Maddie, tem três promoções às suas novelas e uma ao talk show de Júlia Pinheiro. Clica-se no MediaCenter, e lá se encontra um vídeo da selecção portuguesa de futebol e de Scolari. Ah, mas é Ana Sofia Vinhas a dizer: "Na véspera do jogo com a Sérvia, Luiz Felipe Scolari admite a responsabilidade de um eventual fracasso, blá blá blá". Actualíssimo, portanto...

"É mentira! Não toquei nem num cabelinho"

A semântica pode dar muitas voltas. Scolari pode fazer as fintas que quiser. Ele bem pode dizer, como disse, que tentou "tapear" o sérvio que estava a importunar "o menino, o Quaresma". Ele bem pode dizer, como disse, que "é mentira", que não tocou nele "nem num cabelinho". Ele bem pode dizer, como disse, que não fez "nada", que foi apenas "uma coisa normal, no decorrer de um jogo". Ele bem pode dizer, como disse, que a culpa foi "do árbitro, inteligente e organizado". Ele bem pode dizer, como disse, que não tem de falar com Madail, mas "se quiserem [jornalistas] posso pegar no telefone e falar daqui mesmo [conferência de imprensa]." Ele bem pode dizer, como disse, que não tem medo de ser punido pela UEFA, porque "não se passou nada" e que se a UEFA o quiser inquirir, que o faça, "porque não aconteceu nada".
A semântica pode dar muitas voltas e Scolari pode fazer as fintas que quiser. Pode dizer o que quiser. O que todos os portugueses viram é real, não é semântica ficccionada de Scolari. As imagens são claras. Tão claras que tiram a Madail qualquer espaço de manobra: fazer o que Scolari deveria ter feito poucos minutos depois do gancho certeiro.
Depois da mão pesada de Madaíl no Coreia-Japão de 2002, depois da reacção aos jogadores mal-criados de Portugal que destruíram um balneário em França e depois da punição exemplar a Zequinha (um ano de suspensão), que no Mundial de sub-20, já este ano, atirou ao chão um cartão que o árbitro lhe mostrara, o presidente federativo não pode encolher os ombros e assobiar para o ar. Não há alternativa. Se Scolari nega o que fez e não percebe a gravidade do seu gesto irreflectido, Madaíl só tem um caminho: demiti-lo.


quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O rugby, a hipocrisia e os disparates...

O País anda em delírio com os nobres lusitanos que, em França, defendem as cores de Portugal no Mundial de Rugby. É justo. Digo-o sem ironia. A presença de Portugal, uma equipa completamente amadora, no Mundial, pela primeira vez, é obviamente coisa de saudar e aplaudir. O orgulho português faz o resto, com bandeirinhas à janela e mesas dos cafés cheias de canecos de imperial e tremoços descascados para ver os jogos na Sport TV.


Confesso que não partilho deste delírio colectivo. Respeito os atletas portugueses, desejo-lhes imensa sorte, torço por eles, evidentemente, vibro com os seus ensaios, mas não comungo deste estado de euforia. Nunca gostei de rugby, nunca percebi bem as regras da modalidade (confesso que também nunca fiz um grande esforço por entendê-las...).




Coloquemos, pois, as coisas em perspectiva. Na minha opinião, na perspectiva certa. Desejo-lhes sorte, vibro com eles, agradeço-lhes o esforço, o talento, o suor, mas não páro a minha vida. Ninguém me pode levar a mal a franqueza. O que acontece é que há para aí oito milhões de portugueses que nunca viram um jogo de rugby, que não sabem quanto vale um ensaio, que nunca ouviram falar do CDUL nem do Agronomia. Gente para quem Uva é apenas o nome de uma fruta. Mas andam histéricos, emproados, falando do rugby como se adorassem a modalidade desde sempre, como se a apoiassem, se se interessassem por ela. É um jeitinho muito português. "Não percebo nada de política, mas acho que...", "não gosto de ler, mas os livros do Saramago são excelentes...".


E vai daí, com o fácil oportunismo dos pequenos partidos que vêem na coisa o trampolim do politicamente correcto, é esta gente que, de repente, desatou a zurzir na RTP, porque aqui del rei, a televisão pública, paga com o dinheiro de todos nós (o equivalente a um maço de tabaco por mês...), não transmite em sinal aberto a competição. Pois, não transmite... nem podia transmitir. Um Mundial não é uma prova-pirata em que as televisões aparecem por lá, encavalitam uma câmara na varanda da Dona Arminda e filmam o jogo para os tugas. Um Mundial tem regras, tem direitos de transmissão exclusiva. Um Mundial é um negócio de milhões. Em Portugal quem detém esses direitos é a Sport TV. E é normal que assim seja.


Quem fala de cor, fá-lo ou para chatear ou por ignorância. Porque talvez se soubessem que os direitos foram negociados há muito e se tivessem conhecimento que o Rugby, por não ter qualquer tradição internacional competitiva em Portugal, não faz parte do lote das modalidades de interesse público definidas por decreto ministerial, ter-se-iam poupado ao disparate.


O comum dos mortais, cidadão amante de rugby ou pura e simplesmente português que vibra com o desporto, até pode não saber. O CDS-PP, porém, tinha obrigação de fazer o trabalhito de casa. Era fácil, bastava consultar o dito decreto... está lá tudo o que é definido como interesse público e, portanto, passível de ser, obrigatoriamente, transmitido em sinal aberto.


Está mal? Pois, provavelmente está. Talvez os "Lobos" (como agora se lhes chama na rua, como se a familiaridade do epíteto estivesse no léxico popular de todos nós...) merecessem que a modalidade figurasse de pleno direito na lista. Mas o que acontece é que não está. E assim sendo, as regras são para cumprir. A Sport TV fez a melhor proposta, ganhou os direitos exclusivos. E os cafés agradecem...


Fotos: DN

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PS - O 'Público' ajudou à festa: na edição de terça-feira, na página 14, em baixo, uma breve esclarece em título que: "Mundial de Râguebi: RTP diz que não tem interesse público". Ou é má-fé, ou é apenas falta de rigor: não é a RTP que diz, é o Governo que decretou. A televisão pública apenas justificou, pela voz de Luís Marinho, director de informação.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Moniz soma e segue

É o chamado rolo compressor. Vai tudo à frente com a máquina de ficção que a TVI criou. A estreia de "Deixa-me Amar", a nova novela de horário nobre do canal, entrou directamente para o segundo lugar das audiências (mais de um milhão e meio de espectadores), atrás de outra aposta congénere do canal ("Ilha dos Amores"). O primeiro episódio da nova novela, que não vi, registou, de acordo com a Marktest, mais do dobro da audiências da sua directa concorrente da SIC (a brasileira "Paraíso Tropical", 677 mil espectadores).



Há uns anos (bons tempos, eheeheh...) dizia-se que qualquer treinador no Benfica arriscava-se a ser campeão. Agora, bem se pode dizer que qualquer novela da TVI se arrisca a ser campeã. Essa é que é essa...

Star, sim. Super, veremos...



Fotos: Marketest Mediamonitor


Há uma semana perdi a estreia de Família Superstar, a nova aposta da SIC na rentrée televisiva para reconquistar as audiências perdidas. Em termos de audiências, não foi famoso, mas também não foi um fracasso. Este domingo, porém, já vi o programa. Eu e mais um milhão de pessoas, que levaram o programa até ao terceiro lugar das audiências. Enfim, ainda não é um super resultado, mas já anima as hostes.
Para primeiro visionamento, e portanto ainda longe de uma avaliação definitiva, eis as conclusões que tirei:

1 - O programa é, até ao momento, uma segunda versão de Ídolos, que há três anos levou à SIC à liderança. Vive muito dos cromos, das emoções, dos sonhos de cada um, dos bastidores dos castings, das figuras tristes de quem pensa que sabe cantar e de algumas (poucas) grandes vozes que já se ouviram.
2 - Bárbara Guimarães está bem. Solta, espontânea. Sem rede, perde aquela pose que faz dela uma apresentadora muito presa ao teleponto.
3 - Gostei do júri. Não tão hard como o de Ídolos, mas exigente, sem medo de dizer verdades, discordando os jurados q.b. entre si. Clara de Sousa confirma todo o seu potencial. É uma das mais bonitas mulheres da televisão portuguesa.
4 - Nuno Eiró, ainda e sempre muito agarrado àqueles trejeitos herdados de muitos anos a ver Herman José, tem graça.
5 - Vanessa Oliveira irregular: boas as conversas na antecâmara das audições, tontas aquelas idas ao alentejo profundo de bicicleta. Texto sem nexo. Num dos sketches, é ela que "convence" um concorrente e o primo a irem a Lisboa aos ensaios. Na cena seguinte, os primos cantam (mal) mas são desclassificados porque não tem dez anos de diferença nas idades. Para o espectador, a culpa é de Vanessa: ela devia saber os regulamentos...
6 - Boa montagem: rápida, eficaz, com planos ousados, e música adequada, a dar ritmo e emoção aos sonhos.

Há três anos, Ídolos foi em crescendo até se tornar líder. Nos primeiros episódios também não liderou. Família Superstar, que durante os próximos domingos vai continuar a fase de "cromos", tem potencial para crescer. Em Outubro, quando começarem as galas em directo, vai ter mais emoção. Talvez os cinco minutos diários em horário nobre devessem crescer para sete ou oito, para potenciar de forma mais adequada o programa de domingo.

Para já é cedo para perceber no que pode dar. Além disso, a concorrência (TVI: Cantando e Dançando por uma boda de sonho, e RTP: Gato Fedorento e mais qualquer coisa...) ainda não arrancou ao domingo à noite. Mas pode ser este o programa que a SIC precisava para voltar a sorrir...

Obrigado

















Este blog nasceu apenas na sexta-feira e nas condições que já expliquei. Mas de amigos, conhecidos, leitores e gente com os mesmos interesses, tenho recebido um surpreendente número de felicitações. A todos agradeço a força que me deram. Em especial ao Rogério Santos, do Indústrias Culturais, e ao Jorge Guimarães Silva, de A Rádio em Portugal, que tiveram a amabilidade de tornar públicos nos seus blogues os votos de boas-vindas.
Não é por acaso, nem mera cortesia, mas ambos os blogues já figuravam desde sábado na lista de Fundamentais, aqui ao lado. Ambos são visitas diárias obrigatórias para quem, como eu, se interessa dos assuntos de media, TV e rádio.
Obrigado pelo empurrão...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

1,2,3 diga lá outra vez...


Acabei de ver o 1,2,3. Ou melhor, acabei de ver um interessante remake do histórico concurso da RTP, na última sessão do Superconcurso, um projecto da televisão pública que durou os últimos dois meses do verão, apresentado por Jorge Gabriel. Bem produzido pela Fremantle, o Superconcurso foi uma ideia interessante, no ano do 50.º aniversário da televisão em Portugal. E hoje, tal como previra, cumpriu-se mais uma etapa naquilo que há seis meses escrevi no DN: aos poucos estamos a assistir à preparação do regresso de Carlos Cruz.

É natural e inevitável. Passados quatro anos e meio sobre a detenção do apresentador, e sem que a Justiça tenha conseguido provar o que quer que seja, ou apresentado as provas irrefutáveis que dizia ter em sua posse, há duas consequências que para mim se afiguram naturais: em primeiro lugar, é legítimo que um homem, há quase cinco anos acossado por uma suspeita de carácter, comece a pensar em refazer a sua vida social e profissional, retomando-a no ponto em que a deixou. Em segundo lugar, é natural que, passado todo este tempo sem que a acusação seja provada (e em Portugal, estado de direito, qualquer cidadão é inocente até prova em contrário), os responsáveis televisivos comecem a apalpar terreno, medindo a popularidade de Carlos Cruz.

O exercício, claro, é delicado. E deve ser feito com passos calculados. Meste da comunicação, Cruz sabe isso melhor que ninguém. E a partir do momento em que recebeu autorização para sair do concelho de Cascais, começou a aparecer.

Foi ao Algarve ver os sogros, à porta de quem tinha sido detido a 1 de Fevereiro de 2003; foi ao Jardim Zoológico com a filha mais nova; apareceu em mensagem gravada na gala dos 50 anos da RTP (vendo o director de programas, Nuno Santos, dedicar-lhe 30 segundos do seu discurso, elogiando-o como "o melhor de todos nós"); foi à gala dos Globos de Ouro, da SIC, na primeira e mediática aparição pública (onde confraternizou com os seus parceiros de profissão, agora mais sorridentes, que a memória do povo é curta...), e, em Agosto, no Algarve, apareceu numa das badaladas festas do Sasha Summer Sessions, na Praia da Rocha, ao lado de muitos VIP's.
Pelo meio, voltou a estar disponível para falar à imprensa. A primeira grande entrevista deu-a em Abril à revista de televisão do Diário de Notícias. Questionado por mim, admitiu, embora a custo, que achava que a sua carreira não tinha ainda terminado. Se o processo Casa Pia não conhecer novos, e agora surpreendentes, desenvolvimentos, também acho que a sua carreira não chegou ao fim.

Tal como Cruz assumiu em Novembro de 2002, quando o seu nome começou a ser ventilado no caso Casa Pia, "haverá sempre alguém que vai acreditar nesta história". E, sobretudo, haverá sempre gente que achará que "eles são poderosos e conseguem sempre escapar", ou que "quem se lixa é sempre o mexilhão". Ou seja, a popularidade de Carlos Cruz dificilmente será a mesma de outrora. Mas os aplausos que hoje à noite se ouviram no 1,2,3, às referências ao mítico apresentador, ou as gargalhadas (e não vaias)
que se ouviram sempre que Jorge Gabriel colocou uns óculos de massa carregados e uma cabeleira de risco ao meio, a fazer lembrar Cruz nos anos 80, são o indício que o comunicador não morreu profissionalmente.

Para o final fica uma pergunta, a mais polémica, admito. É uma questão que me tenho feito muitas vezes ao longo dos últimos quatro anos e meio. E que já a fiz publicamente e ao próprio Carlos Cruz, na citada entrevista: E se, no final deste julgamento, a Justiça portuguesa não conseguir dar por provado o seu envolvimento no crime de pedofilia? Que Estado de Direito é este, que jornalismo fazemos nós, que País estamos a construir? Onde fica a vida de uma pessoa interrompida há cinco anos no auge da sua carreira? Que crime é este? Tem retorno? Tem desculpa?

Foto: Expresso

domingo, 9 de setembro de 2007

Porquê?

"Não sabia que eras dado a essas coisas dos blogs!", disse-me um amigo quando viu no meu MSN o endereço deste diário. Eu dei uma resposta rápida, seguida de gargalhada: "Nem eu!".


Eu explico (talvez este post devesse ter sido o segundo, mas só agora surgiu na minha cabeça...).


Os blogues são um bocadinho como a Coca Cola - primeiro estranha-se, depois entranha-se (sim, eu sei, a analogia não é muito original, mas enfim, foi a que se arranjou...). Há dois anos, eu não percebia o interesse de ter um blog. Há um ano e meio, comecei a olhar para eles, mas achei que nunca teria um.


Há um ano, ensaiei uma tímida entrada na blogosfera, com dois companheiros de profissão e de interesses. Mas a tentativa foi tão tímida que colocámos apenas um post e nunca mais entrámos lá (não é, Miguel? Não é, Paula?). Pela segunda vez, nesse momento, achei que nunca teria um blog. Porque não tenho tempo para alimentá-lo (e o pouco tempo que tenho livre deveria ser para fazer outras coisas mais saudáveis do que estar à frente do computador...).



Apesar da tentativa frustrada de me tornar um gajo moderno, os blogues passaram a ser parte integrante da minha vida. Quer do ponto de vista profissional, onde se sabem coisas, se apreendem dicas, se encontram "notícias", quer do ponto de vista pessoal e analítico.

Foi em férias (em Amesterdão, como já vos contei...) que me decidi. Ao que me dizem, a blogosfera é viciante. Os primeiros dois dias confirmam-no: já perdi tempo a adicionar links fundamentais, a fazer o downoload do contador estatístico de visitas ao blog (continua a zeros, meu deus...), e de meia em meia hora tenho uma ideia para postar. Será que é suficiente para o sucesso desta operação?

Continuo cheio de dúvidas. Acho que tenho coisas interessantes para dizer; gosto deste exerício de falar com alguém, sem que tenha esse alguém à vista; gosto de reflectir em voz alta. Mas tenho imensas dúvidas que tenha tempo para continuar a alimentá-lo assim, tão sofregadamente. E, sobretudo, porque me conheço bem, receio bem que, passada a fase do brinquedo novo, o deixe cair e ficar desarrumado num cantinho do computador.

Pelo sim, pelo não, enquanto me apetecer aqui estarei. Será por muito tempo? Por pouco tempo? Não sabemos. Nem eu, nem você. Olhe, como dizia o outro, vamo-nos encontrando por aqui. Se não aparecer durante muitos dias seguidos... já sabe. É que eu conheço-me muito bem...

Olhares de Amesterdão

Pronto, a pedido de várias famílias, aqui estão algumas imagens das férias holandesas.



A primeira foto é tirada da Praça Dam, o principal ponto de encontro da capital holandesa, onde se encontra, por exemplo, o Museu Madame Tusseau. Na imagem, atrás do eléctrico, o Magna Plaza, um centro comercial cheio de lojas de roupa. Fecha às 19.00...







A segunda foto é da Spuirstraat, a rua do apartamento onde fiquei alojado, a dois minutos da Dam. Mesmo em frente uma coffe shop
e uma casinha de luz vermelha (eheeheh).





Na foto à esquerda o imenso relvado que acompanha toda a área dos museus. À direita, um dos muitos canais que atravessam a cidade e que lhe conferem uma atmosfera romântica.


Na sequência de baixo, ali está o Azinhas à entrada do mercado flutuante de flores, no Singel (um dos canais de Amesterdão). Ao lado uma das fantásticas (enfim...) houseboats. Há para todos os gostos. Das de madeira a cair de podre às mais sofisticadas. Elas são visíveis em todos os pontos da cidade. Na viagem de barco pelos canais que fizemos no penúltimo dia, passámos por várias. O barco é umas formas mais bonitas (embora um bocadinho monótona...) de conhecer Amesterdão. Para finalizar, não podia faltar outra imagem de marca da capital holandesa, as bicicletas. Elas vêm de todo o lado: têm prioridade sobre quase tudo (menos os eléctricos...) e são usadas por toda a gente: velhos e novos, turistas e holandeses, ganzados e executivos, gordos e magros.


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Nos próximos tempos, vou aproveitar para por online algumas fotos de viagens já feitas por outros cantos do mundo (não foram assim tantas, e muitas delas foram feitas no tempo em que não havia máquinas digitais...). Enfim, farei o meu melhor...