sábado, 29 de setembro de 2007

A bases e os barões assinalados




O estado a que o PSD chegou fica bem claro quando Macário Correia é considerado um barão do PSD. Para mim, que nunca votei PSD, barões são Ângelo Correia, Montalvão Machado, Eurico de Melo, Manuel Dias Loureiro e tantos outros. Pela minha cabeça, nunca passaria a ideia de incluir na lista dos barões o homem que ficou famoso por dizer que "beijar uma mulher que fuma é como lamber um cinzeiro". Mas, pronto, deve ser problema meu, que fumo e não é pouco. Percebi, portanto, pelos relatos jornalísticos dos últimos dias, e sobretudo, pela cobertura televisiva desta noite eleitoral, que, sim, que Macário já está no olimpo.
O rosto de Macário, fechado, cerrado, quase de menino birrento a quem tiraram o brinquedo, ao lado de Marques Mendes na hora do discurso de derrota, diz tudo sobre estas directas. Para lá de Mendes, os barões (os que estiveram com Mendes, mas também os que se mantiveram à margem, num cauteloso e estratégico silêncio, mas fazendo figas para que, oh desgraça!, o populista Menezes não ganhasse), são os grandes derrotados.
A coisa não é de todo surpreendente. Ao abrir o partido às directas, em vez de escolher o seu líder em congresso, abriu-se a caixa de pandora. Neste registo, as bases elegem e os barões (quaisquer que eles sejam) têm um poder bem menor do que julgam. O grande drama do PSD é que uns (barões) e outros (bases), apesar do hipócrita discurso habitual (tipo "não houve qualquer luta, mas sim uma saudável troca de ideias", ou "o partido não está morto, mas sim demonstrou grande vitalidade", ou ainda "precisamos de todos juntos para sermos maiores") não se tocam. A coabitação é impossível. Juntá-los seria como realojar o pessoal da Brandoa na Quinta da Marinha...

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